Pensar em Capitalismo Consciente envolve adotar novas práticas de gestão, novos modelos de fazer negócio. Entenda o conceito e descubra se você faz parte de uma empresa humanizada.
Luciana Carraretto
Eu me lembro de quando ouvi esses dois conceitos pela primeira vez: como WIS, fomos convidados pela Lince Psicologia a ingressar no Movimento de Empresas Humanizadas do Espírito Santo (MEHES), que seria lançado em um Fórum para mais de 200 representantes de empresas do Estado no dia 31 de maio. Eu já havia comprado um livro chamado Capitalismo Consciente, pois o título havia me chamado a atenção na livraria. Porém, até aquele momento, ainda não o havia lido, nem mesmo descoberto que a construção teórica de Raj Sisodia é exatamente o caminho para onde a nossa empresa quer ir. Além de apoiarmos o evento que inaugura um novo ciclo da discussão do tema no Estado, estivemos presentes para ouvir Pedro Paro, Mateus Machado e Jorge Trevisol.
Pedro Paro apresentou a pesquisa desenvolvida sobre Empresas Humanizadas. Foi muito interessante ouvi-lo logo no início do evento, pois, além de apresentar um panorama dos índices de crescimento das empresas quando adotam parâmetros de Capitalismo Consciente, ele nos apresentou um pouco do conceito que gira em torno desse tema. Trata-se de um movimento pelo resgate do propósito das empresas. O livro Capitalismo Consciente chega a usar a expressão “levar o capitalismo de volta para os trilhos”, numa alusão ao real significado deste modelo econômico, que se perdeu ao longo do tempo. O Capitalismo em si reforça o papel da livre atuação do mercado. O Estado não tem a capacidade de se mover na velocidade necessária para atender às necessidades da sociedade. Porém, o lucro pelo lucro já se mostrou não ser sustentável, em todos os aspectos. Pessoas frustradas e infelizes em culturas organizacionais pesadas e burocráticas, o ecossistema natural sofrendo pela falta de preocupação com a sustentabilidade, uma economia mundial instável e frágil. Pedro Paro ressaltou que resgatar o propósito heróico das empresas é uma questão de sobrevivência.
Pedro Paro no 1º Fórum de Empresas Humanizadas do Espírito Santo[/caption]
A falta de um propósito está deixando as empresas menos aptas a alcançar crescimento e lucratividade. Lucro e propósito podem, sim, estar ligados e precisam estar, mais do que nunca. Porém, ao primar por um propósito maior, as empresas passam a se guiar pela geração de valor para todos os stakeholders, e não apenas pelo lucro para seus acionistas. Veja, o primeiro princípio do Capitalismo Consciente é o Propósito. O segundo, é a integração desses stakeholders: clientes (leais), equipe (feliz e engajada), investidores (recompensados e envolvidos com o propósito) e fornecedores (colaborativos e inovadores). Há ainda o círculo ao redor: impacto positivo na comunidade acerca da empresa e na preservação do meio ambiente. Os terceiro e quarto princípios apresentados por Pedro tratam da Liderança e da Cultura Conscientes. Sim, se tornar uma Empresa Humanizada não é um título ou uma certificação. É algo que vem de dentro pra fora, transborda e se torna notório. Precisa fazer parte da essência do conjunto organizacional. E os resultados são expressivos. Empresas Humanizadas possuem rentabilidade duas vezes maior ou até mais do que outras empresas, fora a satisfação dos stakeholders: 132% superior. Uau! Recomendo que você acesse o Relatório da pesquisa de Empresas Humanizadas. Nele você verá um conteúdo rico em dados sobre os impactos positivos da adoção de uma nova cultura e muitas empresas que já estampam esse título: Sicoob, Natura, O Boticário, Hospital Albert Einstein, Reserva, dentre outras.
A segunda palestra do evento foi conduzida por Mateus Machado. O título – Criando o espírito heróico das empresas – foi muito bem concatenado com o conteúdo de Pedro Paro, adicionando ao tema de Capitalismo Consciente uma experiência pessoal do palestrante. Excelente forma de criar conexão com o tema! Mateus falou da sua trajetória e do propósito de, mesmo ainda jovem, gerar através de seus talentos projetos de impacto social – e com geração de receita. Ele apresentou para todos o recém-lançado hopeClub, que conecta doadores a projetos e entidades que dependem delas para sobreviver e atuar para transformar a comunidade ao redor.
Mateus Machado, fundador do hopeClub[/caption]
Em seguida, Jorge Trevisol abriu sua palestra ao som de um violão. Jorge trabalhou a parte do autoconhecimento e da empatia. Essencial para uma relação frutífera entre uma liderança consciente e uma equipe feliz, por se identificar com o propósito de uma empresa. O filósofo e psicólogo reforçou que, mais do que nunca, precisamos buscar o nosso propósito, pois assim seremos felizes e a relação da carreira com a vida fará muito mais sentido.
O filósofo e psicólogo Jorge Trevisol[/caption]
Pensar em Capitalismo Consciente envolve adotar novas práticas de gestão, novos modelos de fazer negócio. Revisitar toda a cultura, como um todo. E, por que não, ao repensar a sua trajetória e de sua empresa, revisitar valores que poderão fazer a diferença nesse novo mundo? Tenho certeza que valerá a pena! Vamos lá?